Aline Valandro Kounz, esposa do policial militar Raylton Duarte Mourão, se apresentou na manhã desta terça-feira (23), na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em Cuiabá. Ela é investigada por suposta participação no assassinato da personal trainer Rozeli da Costa Sousa Nunes, ocorrido em 11 de setembro, em Várzea Grande.
A investigada chegou à unidade policial acompanhada de sua advogada e será ouvida pelo delegado Bruno Abreu, responsável pelo caso. Aline ficou dez dias foragida e, nesse período, a Polícia Civil intensificou diligências, divulgou imagens do casal e coletou provas que agora servirão de base para o interrogatório.
Confissão do marido e contradições
Raylton Mourão confessou, em depoimento prestado na segunda-feira (22), que foi o autor dos disparos contra Rozeli. Ele declarou que a esposa não participou da execução, mas a Polícia não descarta essa hipótese.
A versão da defesa também reforça a tentativa de isentar Aline, embora os investigadores avaliem que ela possa ter atuado como coautora. O ponto central é descobrir quem pilotava a motocicleta usada no crime, já que o militar admitiu estar na garupa e ser o executor.
Execução em plena manhã
Rozeli foi atacada dentro de seu carro, um Renault Sandero, por volta das 6h do dia 11 de setembro. Ela deixava sua residência no bairro Cohab Canelas, quando dois homens em uma motocicleta escura a seguiram. O garupa disparou seis vezes contra a vítima, que morreu no local.
Equipes da Politec recolheram vestígios e encaminharam o corpo da personal ao Instituto Médico Legal (IML). A brutalidade do homicídio gerou forte comoção na comunidade, principalmente entre familiares e alunos de Rozeli.
Motivação judicial
Os investigadores apontam que a execução pode ter ligação com um processo judicial movido por Rozeli contra a empresa de transporte de água administrada por Raylton e Aline. Em março, um caminhão da firma se envolveu em um acidente que prejudicou a personal trainer.
Em julho, Rozeli pediu indenização de R$ 9,6 mil por danos morais e materiais. A audiência de conciliação estava marcada para 16 de setembro, mas não ocorreu porque a vítima foi assassinada cinco dias antes da data prevista.
Operação Moeda de Sangue
Dois dias após o crime, em 13 de setembro, a Polícia Civil deflagrou a Operação Moeda de Sangue. Agentes cumpriram mandados de busca e apreensão na casa do casal e apreenderam munições, eletrônicos e outros objetos que agora passam por perícia.
Na ocasião, os dois não estavam no imóvel, o que reforçou a condição de foragidos. No domingo (21), Raylton se entregou e confessou o homicídio. Com a apresentação de Aline nesta terça-feira, a investigação avança para esclarecer se ela participou da execução e qual foi sua contribuição no crime.