A investigação do homicídio do advogado Renato Gomes Nery, ocorrido em julho de 2024, ganhou novos contornos com a análise de depoimentos conflitantes, e a comparação balística. O inquérito policial, que apura a execução qualificado, revelou inconsistências nas declarações dos policiais envolvidos e de um adolescente em conflito com a lei. Os depoimentos indicam que os policiais Rotam relataram um suposto confronto com criminosos, mas as narrativas apresentam graves contradições.
A versão dos policiais sugere que durante o confronto forjado, dois adolescentes estavam armados, sendo que a versão apresentada por um dos infratores é de que somente um deles portava um simulacro de arma de fogo, “um revólver de brinquedo”. Além disso, as armas de fogo não estavam no local do crime, mas foram entregues diretamente ao perito por um dos policiais envolvidos.
A juíza Edna Ederli Coutinho, responsável pelo caso do homicídio do advogado Renato Gomes Nery afirmou que as evidências indicam que o crime foi planejado por uma organização criminosa, caracterizando-o como um “crime encomendado”. “O modus operandi do crime perpetrado revela indícios bastantes de sua prática em contexto de organização criminosa, tratando-se, a priori, de “crime encomendado”, conforme diligências trazidas à baila investigativa”, disse ela. A magistrada solicitou um novo pedido de mandado de prisão para os suspeitos, alegando que o problema fica ainda mais sério porque eles são policiais militares.
Como fazem parte da segurança pública, eles têm acesso direto ao batalhão e a outros policiais, o que pode facilitar a destruição de provas, a pressão sobre testemunhas e até a alteração de provas. Isso deixa evidente o risco de que eles tentem atrapalhar a investigação. “A prisão temporária dos representados, portanto, mostra-se imprescindível para as investigações, bem como proporcional a gravidade dos fatos, as circunstâncias em que se deram e as condições pessoais dos representados (artigo 282, do Código de Processo Penal)”.
Renato Gomes Nery, advogado e ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT), foi baleado ao chegar em seu escritório em julho de 2024. Segundo a Polícia Civil, o atirador já estava aguardando a chegada da vítima. Após efetuar os disparos, ele fugiu do local em uma motocicleta.
Imagens de uma câmera de segurança registraram o momento em que Renato se aproxima da porta do escritório, é atingido pelos tiros e cai no chão. O delegado Bruno Abreu Magalhães afirmou que a perícia coletou evidências no local e analisou as filmagens para tentar identificar o autor do crime. Além disso, o celular de Renato foi apreendido para auxiliar nas investigações.
“É um caso de execução. O executor já estava esperando a vítima. Ele sai do carro e, ao se aproximar do escritório, é atingido”, declarou o delegado.
Renato não sobreviveu aos ferimentos e faleceu um dia após o ataque. Seu corpo foi sepultado em Cuiabá na manhã do dia 7 de julho, em uma cerimônia que contou com a presença de familiares e amigos, que prestaram suas últimas homenagens.
Renato Gomes Nery teve um papel significativo na advocacia mato-grossense, tendo sido conselheiro federal da OAB na gestão de 1989 a 1991, e sua morte gerou grande comoção na comunidade jurídica. As investigações continuam em busca de esclarecer as circunstâncias do crime e identificar os responsáveis.